Neide Inez
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Indio Eu Não Sou

                  Poeta Márcia Kanbeba¹

Não me chame de “índio” porque

Esse nome nunca me pertenceu

Nem como apelido quero levar

Um erro que Colombo cometeu.

 

Por um erro de rota

Colombo em meu solo desembarcou

E no desejo de às Índias chegar

Com o nome de “índio” me apelidou.

 

Esse nome me traz muita dor

Uma bala em meu peito transpassou

Meu grito na mata ecoou

 

Meu sangue na terra jorrou.

Chegou tarde, eu já estava aqui

Caravela aportou bem ali

Eu vi “homem branco” subir

Na minha Uka me escondi.

 

Ele veio sem permissão

Com a cruz e a espada na mão

Nos seus olhos, uma missão

Dizimar para a civilização.

 

“Índio” eu não sou.

Sou Kambeba, sou Tembé

Sou kokama, sou Sataré

Sou Guarani, sou Arawaté

Sou tikuna, sou Suruí

Sou Tupinambá, sou Pataxó

Sou Terena, sou Tukano

Resisto com raça e fé.

 

Uma homenagem aos verdaeiros habitantes do Brasil

 

 ¹ Márcia Wayna Kambeba que é indígena, do povo Omágua/Kambeba no Alto Solimões (AM). Nasceu na aldeia Belém do Solimões, do povo Tikuna. Mora hoje em Belém (PA) e é mestra em Geografia pela Universidade Federal do Amazonas.
Escritora, poeta, compositora, fotógrafa e ativista, Márcia percorre todo o Brasil e a América Latina com seu trabalho autoral, discutindo a importância da cultura dos povos indígenas, em uma luta descolonizadora que chama para um pensar crítico-reflexivo sobre o lugar atual dos povos originários sul-americanos.

 

 

                                                                                        Imagem e texto Rvista Acrobata/ Google

 

 

Neide Pantoja
Enviado por Neide Pantoja em 19/04/2022
Alterado em 19/04/2022
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